Chega uma hora em que a gente percebe o quanto é necessário
se desvincular do estigma de ter TPB – ou um outro transtorno qualquer -, mas
entre perceber e realmente concluir a cessão do vínculo há uma enorme
distância.
A criação deste blog é prova de quanto tempo faz que percebi
esta necessidade, mas, observando meus sentimentos e atitudes, vejo que ainda
tenho muitos passos a percorrer neste caminho.
Neste aspecto, me encontro em uma nova batalha. Das pessoas
que pensam que o que acontece comigo é frescura, eu sempre tive um ódio mortal,
mas havia um certo conforto em relação àqueles que me enxergam como “doente”,
porque isto significa que eles tem sensibilidade e estão sendo sensíveis
comigo.
Começo a sentir um desconforto agora com estes “sensíveis”
também. Eu não quero ser tratada ou enxergada como alguém que tem uma “desvantagem”,
uma “perna quebrada”. Eu quero ser vista como alguém como qualquer outra
pessoa, que, como todo mundo, tem seus problemas, e, também como todo mundo, é perfeitamente
capaz de viver e conviver com os problemas, utilizando suas habilidades, e até
mesmo aprendendo novas habilidades.
Eu entendo que, antes de qualquer coisa, EU devo me enxergar
como uma pessoa perfeitamente normal – utilizando a palavra “normal” por falta
de termo mais adequado. Qual é? Ou eu sou uma frescurenta ou uma completa
incapaz? Tem que haver um meio termo! Eu ainda não descobri este meio termo.
Admitir que, na realidade, o que pode nos travar ou
impulsionar é a forma como nós nos definimos e não a forma como os outros nos
definem é algo difícil. As frases reflexivas e filosóficas rolam como avalanche
nas redes sociais, as pessoas compartilham e se identificam, mas não absorvem. Fala-se
muito. Sente-se pouco.
Admitir que nós estamos só dizendo que depende da gente e blablablá, mas continuamos nos enxergando dessa forma restritiva é ainda mais difícil, porque não depende exclusivamente de pensamento, depende de emoção.
A consciência é fruto da emoção que se liberta, portanto, para haver consciência, é necessário haver emoção.
Admitir que nós estamos só dizendo que depende da gente e blablablá, mas continuamos nos enxergando dessa forma restritiva é ainda mais difícil, porque não depende exclusivamente de pensamento, depende de emoção.
A consciência é fruto da emoção que se liberta, portanto, para haver consciência, é necessário haver emoção.
Este desconforto que comecei a sentir, esta raiva, é um
sinal de que um outro passo eu dei nesta caminhada para me libertar do estigma.
A questão agora é absorver. Mas como absorver? Como sentir? Como encontrar o
meio termo e viver o meio termo? Como aceitar que eu sou “normal”?
Não depende dos outros. Isto é informação conhecida e
disseminada. Depende de mim. Mas eu entendo que o caminho dentro de mim também
é longo, o importante é não parar de caminhar.
Neste caso, caminhar é refletir. Refletir e refletir mais. A
respeito do que eu sinto. E deixar que o sentimento se desenvolva e brilhe com
a ajuda da reflexão.
Vamos fazer terapia, minha gente! Hahahahaha.
Um abraço carinhoso, e força. Sempre.